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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Diferenças Mediúnicas entre Umbanda e Kardecismo



No livro “Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho” – W. W. da Matta e Silva, há um relato de Pai Ernesto de Moçambique sobre a diferença entre a mediunidade da “mesa kardecista” e a mediunidade de Umbanda :
“Pergunta : Existe alguma diferença entre a mediunidade da mesa kardecista e a mediunidade de Umbanda?
Resposta : “Sim! A mediunidade no chamado espiritismo de mesa é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente inspirativas, isto e’, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a atividade do espiritismo se processa mais no plano mental. Espiritismo de mesa não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente doutrinário, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem verticalmente a Deus. Sua doutrina fundamenta-se principalmente na reencarnação e na Lei da Causa e do Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado e aconselha o homem a percorre-lo a fim de alcançar a sua libertação dos renascimentos dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se à vivência em mundos melhores. Em virtude disso, a defesa do médium kardecista reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos, portanto os espíritos da mesa kardecista, após cumprirem suas tarefas benfeitoras, devem atender outras obrigações inadiáveis.

É da tradição espirita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento, cabendo aos médiuns transmitirem as idéia com o seu próprio vocabulário e não as configurações dos espíritos comunicantes.
Em face do habitual cerceamento mediúnico junto às mesas kardecistas, os espíritos tem de se limitar ao intercâmbio mais mental e menos fenomênico, isto é, mais idéias e menos personalidade. Qualquer coação ou advertência contraria no exercício da mediunidade reduz-lhe a passividade mediúnica e desperta a condição anímica. Por esta razão há muito animismo na corrente kardecista.
A faculdade mediúnica do médium ou cavalo de Umbanda é muito diferente da do médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no baixo astral, submundo das energias degradantes e fonte primaria da vida.
Os médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, que manipulam as forcas ocultas negativas com sabedoria. Em conseqüência o seu desenvolvimento obedece a uma técnica especifica diferente da dos médiuns kardecistas. Para se resguardar das vibrações e ataques das chamadas falanges negras, ele tem de valer-se dos elementos da natureza, como seja: banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza, fonte original dos Orixás ,Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura física e psíquica, para poder estar em condições de desempenhar a sua tarefa, sem embargo da indispensável proteção dos seus Guias e Protetores espirituais, em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a ação dos espíritos das falanges negras, isto e’, do mal que os perseguem, sempre procurando tirar uma desforra.
Por isso a proteção dos filhos de Terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos experimentados Orixás, conhecedores das manhas e astucias dos magos negros. Sua atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela evocação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas. Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-falanges, Grupamentos e Protetores, também assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mutua, porem, de maior responsabilidades dos Chefes de Terreiro.
Dai as descargas fluídicas que se processam nos Terreiros, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos médiuns e do ambiente e dando de beber a todos água fluidificada. Espirito que encarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou chacras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.
Na corrente kardecista, isto não é necessário, em virtude de não ter de enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda, e mesmo permitir aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características. Enato vemos caboclos e pretos-velhos revelarem-se nos Terreiros com linguagem deturpada para melhor compreensão da massa humilde, assim como as crianças, encarnando suas maneiras infantis para melhor aceitação das mesmas. “

O que significa Mavambo

História de Mavambo



Esta história de Mavambo, que também conhecemos como Nzila, conta que ele era um ser muito independente em relação aos outros Minkisi pelo fato de ser o primogênito e ter aprendido tudo sobre o mundo com o pai dele, com o criador.
Com a chegada dos outros irmãos, dos outros Minkisi, e dos seres que habitariam o mundo, ele se sentia um pouco frustrado de ter que aprender novamente as lições já repassadas por Nzambi Umpungu. Autônomo e mandão, ele solicitou do criador a possibilidade de criar um continente onde ele pudesse reinar. Nzambi concedeu seu pedido e ele criou seu reino achando que isso resolveria os seus problemas. No entanto ele se sentiu só uma vez que nesse universo não habitava ninguém e ele começou a criar seres a partir de sua própria energia, do seu próprio sangue que deixava pingar no chão e dele brotavam criaturas.
Com o passar do tempo ele povoou a terra com uma infinidade de seres que, não tendo a possibilidade de se alimentar de outra forma, pois em seu reino ainda não havia plantas e minerais, recorriam à energia de Mavambo para continuar a se desenvolver, se alimentar. Isso foi o deixando cada vez mais fraco, pois ele como o criador desses seres, precisava continuar doando sua própria força para que eles crescessem.
Não tendo mais forças para doar, Mavambo recorreu ao pai para saber o que deveria fazer. Nzambi lhe disse que pelo fato de ele ter criado os seres a partir de sua própria força vital, de seu sangue, ele deveria fazer um trato com eles para que lhe ofertassem energia.
Ao retornar ao seu reino, Mavambo criou uma série de animais e plantas para que eles servissem aos seres como ofertório para repor a energia que gastou na criação. É por isso que no Candomblé nós utilizamos animais, plantas e comidas como alimento aos Minkisi e à nossa própria energia.
Sagaz como ele próprio, e antevendo que ao criar esses seres os homens passariam a utilizar dele para repor sua própria energia, esquecendo-se daquele que os criou, Mavambo ordenou que o primeiro Kudiá (comida) do dia deveria ser ofertado a ele. No entanto, como grande articulador que é ele não deixou que os seres soubessem que aquela energia contida no ofertório era pra repor a sua própria.
Fazendo uma correspondência com a história viva e praticada diariamente no Candomblé, é por esse motivo que sempre, em qualquer atividade ou oferenda que fazemos em nossos ritos, é ele quem recebe primeiro o alimento, a energia. Essa ação é necessária uma vez que, sendo ele o conhecedor de todos os caminhos e segredos do mundo, o grande mago, ele precisa de muita energia para resolver nossos problemas, achar soluções e articular com outros seres as condições necessárias para que nossas contendas se resolvam.
A história do ser humano enquanto Nkisi tem muita correspondência com a nossa história atual. O que eu entendo é que quando damos uma comida à Nzila, faz pra ele um ofertório seja de nível vegetal, animal, mineral ou mesmo de luz, é para alimentá-lo, e a nossa própria energia, para que ele aja em nosso favor. Nós damos à luz para que ele também possa nos trazer a luz.
No entanto, é preciso que saibamos recorrer a ele sabendo exatamente aquilo que estamos pedindo. Mavambo, pelo fato de ter sido muito independente e ter aprendido seus limites a partir de sua própria experiência, nos empresta sua energia, mas divide conosco a responsabilidade pelos nossos desejos e vontades. Ele quer que sejamos humildes quando recorremos a ele nos ensinando ter responsabilidade pelos nossos desejos e agüentando a responsabilidade sobre eles.


Mavambo (Exú)







Filiação: Lembarenganga e Kayaia (Oxalá Velho e Yemanjá)

Elemento principal: Fogo

Domínio: Encruzilhadas e porteiras

Cores: Preto e vermelho

Saudação: Larôie! (Salve)

Dia da Semana: Segunda-feira

Número: 1

Comida: Farofa de dendê, farofa de cachaça, farofa de mel, bifes mal passados, entre outros.

Vela: Vermelha e preta (Bicolor)




Sem dúvida o N’kisi (Orixá) mais comentado e tido como o mais controvertido dos cultos afro-brasileiros.




É chamado de mensageiro entre o astral e a terra, ele traduz para a linguagem dos homens a linguagem dos Mikisi (Orixás), os quais não existe contato direto, é o guardião entre o plano material e espiritual, diga-se de passagem é o único que tem carta-branca para transitar em todos os planos que existe nos mundos visíveis e invisíveis.




Mavambo (Exú) está presente em todos os elementos da natureza: terra, água, fogo e ar e em suas combinações.






Aluvaiá





Mavile, mavile, mavile mavambo
Mavile, mavile, mavile mavambo
E kompensu e, a rá rá
E kompensu á.
E mavile, e mavile, mavile maviletango
Mavile, mavile maviletango
E sissa, sissa é sissa lukaia
Sissa, sissa é sissa lukaia
Sissa eu ananguê



Angorôsc